PAREDES DE CONCRETO – A forma e o milímetro

A expansão da construção habitacional com paredes de concreto moldado no local, após a entrada em vigor da NBR 16055 – Parede de concreto moldada no local para a construção de edificaçõesRequisitos e procedimentos, trouxe, como primeiro e mais importante impacto, o desenvolvimento das formas reutilizáveis. O rigor no respeito aos procedimentos recomendados para uso destes equipamentos, impacta diretamente o número de utilizações e por consequência, o custo médio da parede.

Na indústria da construção civil, o centímetro foi, durante muito tempo, a menor dimensão e padronizava o rigor das verificações. Trabalhava-se com o metro articulado, de madeira, hoje já é utilizada a trena a laser. A altura da laje eram 10 cm p.e., o espelho do degrau 17 cm, o marco 80 cm e por aí ia. Não se falava em 100 mm, 170 mm, 800 mm. Exceções surgiram quando o aço deixou de ser bitolado em polegadas e o milímetro passou a ser utilizado. Sistema CGS. Aço de 12 mm de diâmetro, em lugar de Ø ½″, p.e..

A convivência com a forma para parede de concreto moldada no local trouxe o milímetro para a obra, definitivamente.

Longe vai o tempo em que um prestativo carpinteiro informava ao jovem engenheiro: “a altura do portal é dois metro, o cabo do martelo e mais um pouco…”, mostrando dois dedos deitados. É que tudo se corrigia na argamassa, a custos estimados e o padrão de acabamento dependia da mão do artífice…

Já hoje, continuando nos exemplos, se numa forma para parede com 11 painéis sucessivos, cada um deles tiver 1 mm de sujeira sólida não removida na lateral, teremos 10 mm de acréscimo no comprimento. A forma vai fechar?

O vão para uma janela de 1,20 x 1,20 m é de 1.205 x 1.205 mm, com 5 mm de folga em cada dimensão e nada dará errado. Podem-se comprar de uma vez as esquadrias de alumínio, por exemplo, para milhares de unidades. Bem mais prático e seguro do que na época em que, só depois de chumbados os contramarcos e requadrados os vãos, o fornecedor agendava o dia em que viria conferir as medidas, para depois iniciar a fabricação…

Mas se a limpeza e conservação das peças são fundamentais, para garantia do fechamento da forma, o nivelamento e o acabamento do piso são mais importantes ainda. A superfície de apoio dos painéis tem que estar milimétricamente plana e nivelada, ou as peças da forma não irão se ajustar na montagem.

Sabemos que a programação de uma concretagem por dia por jogo de forma, é altamente prejudicada por qualquer dificuldade de montagem. Problemas no piso, tanto de nivelamento como de acabamento, são dos que produzem mais impactos negativos na produção do canteiro e na conservação do equipamento.

E, importante, tentar corrigir o desnível do piso colocando palmetas sob os painéis de forma, com o auxílio de sofisticadas ferramentas de alta precisão, como pés-de-cabra e alavancas, além de não resolver o problema, causará danos ao equipamento, além de que a nata poderá sair pela base do painel, a qualidade, o prazo e o custo poderão ser afetados e tudo isso só porque o nivelamento não foi milimétrico.

A diferença de dimensões entre dois mesmos cômodos, em duas unidades consecutivas, numa construção com parede de concreto, é inexistente, para os padrões de aferição vigentes. Já na alvenaria, mesmo que revestida de argamassa ou gesso, não é bem assim. As dimensões serão aproximadamente iguais, dependendo da eficiência da mão de obra usada em todas as etapas, da marcação ao acabamento.

A parede de concreto moldado no local, talvez represente o passo mais expressivo dado rumo á industrialização da construção civil.

Eng. RENATO Fernando Brito VIEIRA

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